“Alegrai -vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus” (Mt 5,12)
Celebramos nesse domingo a Solenidade de Todos os Santos. Essa solenidade é transferida do dia 1º de novembro para o domingo seguinte, a não ser que o dia 1º caia no próprio domingo, para que um maior número de fiéis possa participar da celebração. Poucas solenidades são transferidas para o domingo, pois o domingo é o dia do Senhor, mas esses santos nos precederam na fé e serviram com amor a Jesus Cristo.
A Solenidade de Todos os Santos quer nos lembrar que todos nós somos chamados a ser santos em nosso dia a dia, mesmo que não sejamos canonizados pela Igreja. Temos que viver a santidade todos os dias. E como pôr em prática essa santidade? Dando passos de conversão e construindo o Reino de Deus aqui na terra, praticando a justiça, a caridade e o amor ao próximo. A partir do nosso batismo, somos lavados do pecado original e pertencemos a Deus e, a partir disso, convidados a viver a santidade no dia a dia.
Hoje a Igreja volta o seu olhar para a Igreja celeste e pede àqueles que nos precederam para interceder por nós e que um dia possamos contemplar a face de Cristo, do mesmo modo que esses santos contemplam. Nessa Eucaristia, elevemos as nossas preces a Deus pedindo que os seus santos roguem por nós. Que a alegria dos santos e santas de Deus contagie a todos nós e nos inspire. Cada um tem o seu santo de devoção, então, na Eucaristia de hoje, peça que Ele e todos os outros santos e santas de Deus intercedam pela humanidade.
Abramo-nos à ação do Espírito Santo e ouçamos as leituras da missa de hoje, buscando colocar em prática a Palavra de Deus no dia a dia, do mesmo modo que todos os santos fizeram. A primeira leitura da missa desse domingo é do livro do Apocalipse de São João (Ap 7, 2-4. 9-14). Essa leitura remete ao que acontecerá no fim dos tempos, diz dos 144 mil que serão salvos, que vieram da grande tribulação. São povos que vieram de todas os cantos da terra. O número 144 mil é simbólico, pois o que a leitura quer nos passar é que a salvação de Deus é para todos os povos.
Deus julgará toda a humanidade e cada um de nós será julgado segundo as suas atitudes e o quanto foi capaz de amar o seu próximo. Vivamos com fidelidade os mandamentos da lei de Deus e que no final dos tempos possamos estar dentre os 144 mil que serão salvos.
O salmo responsorial é o 23 (24) e o refrão diz: “É assim a geração dos que procuram o Senhor”. Ao Senhor pertence todos os povos e todas as nações, e compete ao Senhor a salvação. O Senhor não castiga ninguém e quer o bem de todos, portanto, peçamos a Ele a salvação e que olhe por toda a humanidade.
A segunda leitura da missa desse domingo é da primeira carta de São João (1Jo 3, 1-3). Recebemos um grande presente, sermos chamados de “Filhos de Deus”. Tornamo-nos filhos de Deus por meio do nosso batismo. Somos a imagem e semelhança de Jesus Cristo e, no dia do julgamento final, o veremos tal como Ele é. Quando nos encontrarmos com Cristo seremos puros, do mesmo modo que Ele é puro.
O Evangelho desse domingo é de Mateus (Mt 5,1-12a). É o tradicional texto conhecido como as bem-aventuranças, pois o caminho para a santidade é viver as bem-aventuranças. Todo santo é bem-aventurado e nós somos convidados a viver as bem-aventuranças nos dias que passamos aqui na terra, para que ao final dos tempos, possamos escutar Jesus dizer para nós: “Vinde benditos de meu Pai”.
O cristão católico é aquele que é chamado a dar a outra face, ou seja, nunca revidar um mal que fizeram contra ele. Ter um coração puro e um espírito livre para amar e servir a Deus e ao próximo. O cristão católico nunca revida o mal que fizeram contra ele, pelo contrário, reza por seus perseguidores, para que eles mudem de conduta e possam ser salvos.
O caminho para a santidade é rezar sempre e pedir as luzes do Espírito Santo para que possamos viver a nossa vida pautada no amor, justiça, paz, ética e perdão. Semeemos a paz! O mundo já está cheio de ódio e somente o amor e a fraternidade conduzirão para um caminho de paz. Alegremo-nos e exultemos, pois será grande a nossa recompensa no céu.
Coloquemos Deus como prioridade em nossa vida, deixemos as outras coisas para depois e coloquemos Deus em primeiro plano. Não levaremos nada dessa vida, mas se formos capazes de amar e servir a Deus aqui na terra, levaremos Ele em nosso coração. Sejamos “pobres de espírito”, como nos diz Jesus no evangelho de hoje, pois sendo pobres de espírito, seremos livres para amar e servir aos nossos, a Deus e aos irmãos.
Celebremos com alegria essa solenidade de Todos os Santos e peçamos ao Espírito Santo que nos auxilie no caminho para a santidade. Amém.
Autor: Cardeal Orani João Tempesta, Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ) Fonte: CNBB, imagem Érica Viana| Cathopic