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Vaticano e cientistas unem forças para explorar os mistérios do universo

Conferência Internacional reúne especialistas para discutir o Big Bang, buracos negros e as singularidades do espaço-tempo

Em 1931, o astrofísico Padre Georges Lemaître propôs a teoria do Big Bang, sugerindo que o universo se expandiu a partir da explosão de um “átomo primordial”. Segundo o Irmão Jesuíta Guy Consolmagno, diretor do Observatório do Vaticano, muitos cientistas inicialmente rejeitaram a ideia por considerá-la “religiosa demais”. Em uma entrevista de 1964 recentemente recuperada, Lemaître explicou que a teoria da expansão do universo não foi aceita de imediato porque implicava na necessidade de uma criação.

Consolmagno destacou que Lemaître sempre foi cuidadoso ao afirmar que o Big Bang não é o mesmo que a criação descrita nas Escrituras, mas sim a melhor descrição do que aconteceu após a criação. Na próxima semana, dezenas de astrofísicos e cosmologistas se reunirão em uma conferência organizada pelo Observatório do Vaticano em Castel Gandolfo, Itália, para explorar o Big Bang e outros tópicos do universo. Intitulada “Buracos Negros, Ondas Gravitacionais e Singularidades do Espaço-Tempo”, o evento celebra o legado de Lemaître, considerado o pai da teoria do Big Bang.

Durante uma coletiva de imprensa no Vaticano, Consolmagno afirmou que o Big Bang é a melhor compreensão que temos hoje sobre o que aconteceu após a criação do universo. Ele acrescentou que, talvez, como resultado de encontros como este, possamos encontrar uma teoria ainda melhor no futuro. O Irmão Jesuíta também enfatizou que a criação descrita no Gênesis se refere à criação das próprias leis da física, que ainda estamos tentando descobrir.

Apesar do ceticismo inicial da comunidade científica, a Igreja não se opôs à teoria do Big Bang. Consolmagno mencionou que o Papa Pio XII, em 1951, expressou entusiasmo ao falar sobre o início do universo, mas Lemaître advertiu contra a confusão entre ciência e fé. Consolmagno e o organizador da conferência, Padre Jesuíta Gabriele Gionti, ressaltaram que há uma boa relação entre cientistas e o Observatório do Vaticano, que oferece um “terreno neutro” para discussões.

A conferência contará com a participação de 40 cientistas presencialmente e outros 150 online. Os organizadores esperam que os participantes tenham uma audiência com o Papa Francisco durante a semana, se a agenda do pontífice permitir. Fabio Scardigli, físico teórico italiano e coorganizador do evento, afirmou que reuniram uma “equipe dos sonhos” de cientistas e pensadores de cosmologia e astrofísica, com a esperança de promover um diálogo frutífero entre esses dois campos.

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Com informações de CNA