“Credo de Niceia: Fé Eterna para o Mundo Atual” – Vaticano lança documento pelos 1700 anos do Concílio
Documento da Comissão Teológica Internacional explora atualidade do Símbolo da Fé para evangelização, unidade cristã e caminho sinodal, às vésperas do Jubileu da Esperança.

Às vésperas da celebração dos 1700 anos do primeiro Concílio Ecumênico de Niceia (325 d.C.), a Comissão Teológica Internacional (CTI), órgão ligado ao Dicastério para a Doutrina da Fé, publicou nesta quinta-feira (03/04) um abrangente documento intitulado “Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador – 1700º aniversário do Concílio Ecumênico de Niceia (325-2025)”. A iniciativa busca não apenas recordar o significado histórico fundamental do Concílio, mas sobretudo destacar a riqueza e a atualidade perene do Credo Niceno-Constantinopolitano para a fé e a evangelização na contemporaneidade.
O Concílio de Niceia, convocado pelo Imperador Constantino, marcou a história por definir dogmas centrais da fé cristã, especialmente a divindade de Jesus Cristo, consubstancial ao Pai, e a fé no Deus Uno e Trino. O Credo resultante, completado em Constantinopla (381), tornou-se a “carteira de identidade” da fé professada pela Igreja. O novo documento da CTI, com quase 70 páginas, surge em um momento significativo: durante o Jubileu da Esperança de 2025 e no ano em que a data da Páscoa coincide para cristãos do Oriente e Ocidente.
Elaborado por uma subcomissão que incluiu teólogos e teólogas, e aprovado pelo Papa Francisco, o texto não é apenas acadêmico, mas uma síntese destinada a nutrir a fé da comunidade cristã e inspirar o testemunho. Além disso, ressalta Niceia como um marco da sinodalidade eclesial em nível universal, oferecendo inspiração para o processo sinodal que a Igreja Católica vive hoje.
Explorando a Riqueza de Niceia:
O documento está estruturado em quatro capítulos principais:
- Um Símbolo para a Salvação: Oferece uma “leitura doxológica” (voltada para o louvor) do Credo, destacando sua dimensão salvífica, cristológica, trinitária e antropológica. Enfatiza o alcance ecumênico da fé de Niceia e expressa a esperança por uma data comum para a Páscoa, sublinhando que “o que temos em comum é muito mais forte do que o que nos divide”.
- O Símbolo na Vida dos Crentes: Explora como o Credo Niceno fecundou a liturgia, a oração, a catequese e a vida sacramental da Igreja desde o século IV, lembrando o princípio “Acreditamos como batizamos; e rezamos como acreditamos”.
- Niceia como Evento Teológico e Eclesial: Aprofunda como o Concílio e seu Símbolo testemunham o evento de Jesus Cristo e representam uma novidade na forma como a Igreja se estrutura e realiza sua missão em nível universal e sinodal.
- Manter a Fé Acessível a Todo o Povo de Deus: Aborda a credibilidade da fé professada em Niceia, ressaltando que a fé cristã, embora profunda, é acessível aos simples e não um esoterismo para elites. Destaca o papel da Igreja (Magistério e Povo de Deus) como intérprete e guardiã da fé, protegendo-a inclusive de ingerências políticas (libertas Ecclesiae).
Um Convite para Hoje:
A conclusão do documento é um “convite premente” para anunciar Jesus hoje, a partir da fé de Niceia. Isso implica maravilhar-se com Cristo, engajar-se com os sofrimentos do mundo sem perder a esperança, ter atenção especial aos “pequenos” e “crucificados da história” (que são Cristo entre nós e evangelizadores), e testemunhar a fé “como Igreja”, na fraternidade, valorizando a Escritura, a liturgia e o Magistério, com o olhar fixo no Ressuscitado.
Para aprofundar o tema, um dia de estudos sobre o documento será realizado em 20 de maio na Pontifícia Universidade Urbaniana, em Roma.
A Rádio Aliança celebra a publicação deste importante documento que nos reconecta às raízes da nossa fé. Sua contribuição nos ajuda a divulgar estes tesouros da Igreja: alianca.fm.br/contribuintes
Com informações de Vatican News