Papa Francisco pede que Inteligência Artificial seja instrumento contra a pobreza e pela proteção das culturas
Em mensagem à Cúpula em Paris, Pontífice espera plataforma que use a IA para o desenvolvimento, sem esquecer o impacto social nas relações humanas.
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O Papa Francisco enviou uma mensagem ao presidente francês, Emmanuel Macron, por ocasião da Cúpula de Ação sobre Inteligência Artificial, que se encerrou nesta terça-feira (11), em Paris. O Pontífice expressou sua esperança de que a Inteligência Artificial (IA) se torne uma ferramenta para combater a pobreza, proteger as culturas e promover a sustentabilidade da “Casa Comum”. A mensagem, lida pelo núncio apostólico na França, Dom Celestino Migliore, enfatiza a importância de considerar os impactos sociais da IA nas relações humanas, na informação e na educação.
Citando o filósofo e cientista Blaise Pascal, o Papa destacou o “coração” como um conceito-chave, que, ao contrário dos algoritmos, não pode ser enganado. Ele alertou para o risco de manipulação e engano por meio de algoritmos, reforçando a necessidade de uma abordagem ética e centrada no ser humano em relação à IA.
Francisco recordou o documento “Nota sobre a relação entre inteligência artificial e inteligência humana” e reiterou a visão integral do desenvolvimento, já abordada por seu predecessor, João Paulo II. “A questão fundamental é, e continuará sendo, humana”, escreveu o Papa, questionando se o progresso tecnológico está tornando o homem “mais maduro espiritualmente, mais consciente da dignidade da sua humanidade, mais responsável, mais aberto aos outros”.
O Pontífice expressou preocupação com a possibilidade de que a voz dos pobres e marginalizados seja ignorada nos processos de tomada de decisão relacionados à IA. Ele elogiou a Cúpula de Paris por buscar envolver o maior número possível de pessoas e especialistas em uma reflexão com resultados concretos.
Francisco manifestou sua esperança de que a Cúpula trabalhe para a criação de uma “plataforma de interesse público sobre inteligência artificial”. Essa plataforma permitiria que cada nação utilizasse a IA para seu próprio desenvolvimento, para combater a pobreza e para proteger suas culturas e línguas locais. Ele enfatizou que somente assim todos os povos poderão contribuir para a criação de dados que reflitam a diversidade e a riqueza da família humana.
O Papa, que já havia alertado sobre os riscos da IA no G7 da Puglia, reiterou a necessidade de uma política “saudável” que coloque as inovações tecnológicas a serviço do bem comum, como já havia destacado na encíclica Laudato si’. Ele concluiu afirmando que a IA pode se tornar um “instrumento poderoso” para promover a sustentabilidade da Terra, mas alertou para o alto consumo de energia associado à sua infraestrutura.
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Com informações de Vatican News