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Deus de Deus, luz da luz: Papa Leão XIV reafirma o coração da fé cristã

Com a afirmação de que Jesus é “Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro”, o Papa Leão XIV convida toda a Igreja a redescobrir o coração da fé cristã na nova Carta Apostólica In unitate fidei (Na unidade da fé). O documento, publicado a poucos dias de sua viagem apostólica à Turquia, celebra o 1.700º aniversário do Concílio de Niceia, o primeiro grande evento ecumênico da história, que em 325 d.C. confessou a divindade de Cristo para defender a fé da heresia ariana.

O Papa recorda que os tempos do Concílio de Niceia não eram menos turbulentos que os nossos. A Igreja, recém-saída das perseguições, enfrentava uma crise interna devastadora provocada por Ário, um presbítero que ensinava que Jesus não era verdadeiramente Deus, mas uma criatura intermediária. A questão não era um detalhe, mas o cerne da fé. Em resposta, o Imperador Constantino convocou o Concílio, onde 318 Padres, muitos ainda com as marcas da tortura sofrida pela fé, se reuniram para responder à pergunta decisiva: “Quem dizeis que eu sou?”.

A resposta do Concílio, selada no Credo, foi inequívoca. Usando a palavra homooúsios (consubstancial), os Padres afirmaram que o Filho não é uma criatura, mas compartilha da mesma substância divina do Pai. Não se tratava de uma discussão filosófica distante, mas de uma defesa da verdade bíblica. Com esta única palavra, eles garantiram que o Deus que nos salva em Jesus Cristo é o único e verdadeiro Deus, que não permaneceu distante, mas “desceu do céu para a nossa salvação”.

Esta verdade, explica o Papa na carta, tem consequências transformadoras. Se Jesus não fosse verdadeiramente Deus, Ele não poderia ter vencido a morte e nos salvado. Como ensinou Santo Atanásio, um dos heróis de Niceia, Cristo “tornou-se homem para poder divinizar-nos”. Essa “divinização” não é uma auto-deificação, mas a restauração da nossa dignidade, tornando-nos, por graça, participantes da natureza divina. É a verdadeira humanização, pois somente o Deus infinito pode satisfazer o desejo infinito do coração humano.

A fé em um Deus que “desceu” e “se fez homem” muda radicalmente nosso olhar sobre o mundo. O Deus que se esvaziou de sua glória é o mesmo que encontramos nos nossos irmãos e irmãs necessitados. “Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes” (Mt 25,40). Assim, o Credo de Niceia nos afasta da imagem de um Deus distante e nos aproxima de um Deus que caminha conosco, especialmente nos pequenos e nos pobres.

Finalmente, o Papa Leão XIV destaca o imenso valor ecumênico do Credo Niceno-Constantinopolitano. Ele é a profissão de fé comum a quase todas as tradições cristãs, um “elo de unidade” que nos lembra que “o que nos une é muito mais do que o que nos divide”. Num mundo ferido por conflitos, a comunidade cristã unida por esta fé pode ser um poderoso sinal de paz. O caminho para a unidade visível, aponta o Papa, exige um “ecumenismo espiritual” de oração e conversão, buscando no modelo da Trindade a inspiração para uma “unidade na legítima diversidade”.

É para alimentar essa unidade na fé e aprofundar o tesouro que recebemos que a Rádio Aliança existe. Cada reflexão, cada oração e cada notícia que compartilhamos busca fortalecer essa mesma confissão de fé proclamada em Niceia. Para que esta missão continue a ecoar, contamos com a sua ajuda. Junte-se ao Clube Aliança e seja um pilar na construção de um testemunho cristão unido e forte em nosso tempo. Saiba como em: https://clube.alianca.fm.br.

Com informações de ACI Digital